Mercado de Aço da América do Sul 2025: Navegando por Desafios e Oportunidades Verdes
Em 2025, a indústria siderúrgica sul-americana encontra-se numa encruzilhada, lidando com a queda na produção, a dinâmica da demanda em constante mudança e o cenário comercial em evolução, enquanto busca se posicionar como um ator fundamental na transição global para o aço verde . Com as economias regionais enfrentando um crescimento do PIB de apenas 2,4% — abaixo da média global —, os produtores de aço estão adaptando suas estratégias para alavancar vantagens competitivas em minério de ferro de alta qualidade e em iniciativas emergentes de mineração sustentável .
Tendências de produção: uma retração regional em meio a um crescimento seletivo.
A produção de aço bruto na América do Sul sofreu uma contração significativa em 2025. De acordo com a Associação Mundial do Aço, a região produziu 3,6 milhões de toneladas (mt) em agosto de 2025, representando uma queda de 5,0% em relação ao ano anterior. Para o ano todo, a Associação Latino-Americana do Aço (Alacero) prevê uma queda de 2,5% na produção de aço bruto, para 55,39 mt, com a produção de aço acabado projetada para cair 3,5%, para aproximadamente 50 mt. O Brasil, potência industrial da região, viu sua produção de aço bruto em agosto cair 4,6% em relação ao ano anterior, para 2,9 mt, embora a produção mensal tenha aumentado 6,1% em outubro, com as siderúrgicas se ajustando às condições de mercado.
Essa tendência de queda é atribuída a uma confluência de fatores: altas taxas de juros internas, inflação persistente e demanda enfraquecida de setores-chave de uso final, como construção civil e automotivo. Os produtos longos utilizados em obras civis e os produtos planos para a indústria automotiva caíram 5,5% e 7,3%, respectivamente, no mercado interno brasileiro durante o mês de outubro. Contudo, contrabalançando esses desafios, o Brasil investe continuamente na expansão da mineração de minério de ferro , como exemplificado pelo programa "Novo Carajás" da Vale — uma iniciativa de US$ 14 bilhões para aumentar a produção de minério de ferro para 200 milhões de toneladas anualmente até 2030, com foco em tecnologias de produção de baixo carbono.
Dinâmica de Oferta e Demanda: Aumento das Exportações Compensa Fraqueza no Mercado Interno
Uma característica marcante do mercado siderúrgico sul-americano em 2025 é a divergência entre a demanda interna estagnada e o forte crescimento das exportações. No Brasil, as vendas internas em outubro caíram 6,5% em relação ao ano anterior, para 1,81 milhão de toneladas, enquanto os embarques para o exterior dispararam 28%, para 907 mil toneladas — impulsionados por um aumento de 29% nos produtos semiacabados. No acumulado do ano, as exportações brasileiras de aço cresceram 4,6%, para 8,74 milhões de toneladas, demonstrando resiliência apesar das novas tarifas americanas sobre as importações de aço e alumínio.
O cenário das importações revela uma história mais complexa. As importações totais de aço no Brasil caíram 21,4% em outubro, mas as importações de aços especiais mais que dobraram — de 34.500 para 77.400 toneladas —, evidenciando a demanda não atendida por produtos siderúrgicos de alto valor agregado em setores como o de máquinas e o de energias renováveis. Essa lacuna representa oportunidades para os produtores regionais investirem na diversificação de produtos e conquistarem mercados premium.
Políticas e Sustentabilidade: A Transição para o Aço Verde
O setor siderúrgico da América do Sul está cada vez mais alinhado com as metas globais de descarbonização. O projeto Novo Carajás, da Vale, prioriza a tecnologia de processamento a seco e a reutilização de minérios de ferro — como o projeto Jirau, que produzirá 6 milhões de toneladas de minério de ferro anualmente a partir de rejeitos — para reduzir a pegada de carbono. Ao focar em práticas de mineração sustentáveis e matérias-primas para o aço verde, o Brasil busca se posicionar como líder no mercado global de aço de baixo carbono, aproveitando suas abundantes reservas de minério de ferro de alta qualidade, essenciais para a produção em forno elétrico a arco (FEA).
No entanto, os desafios políticos persistem. A Alacero cita os altos preços tarifários e as questões geopolíticas não resolvidas como obstáculos externos, enquanto as barreiras internas incluem incertezas regulatórias em torno da precificação do carbono. Para impulsionar o crescimento, governos e representantes da indústria devem colaborar na criação de estruturas políticas que incentivem investimentos verdes e, ao mesmo tempo, fortaleçam a integração comercial regional.
Perspectivas: Equilibrando as pressões de curto prazo com a visão de longo prazo
À medida que 2025 avança, a indústria siderúrgica da América do Sul enfrenta um duplo desafio: lidar com a fraca demanda imediata e estabelecer as bases para um crescimento sustentável. Os produtores estão cada vez mais voltados para as exportações, otimizando os processos de produção e investindo em tecnologias de aço verde para se manterem competitivos. Para investidores e comerciantes, as principais oportunidades residem na expansão da produção de minério de ferro no Brasil, nos projetos emergentes de fornos elétricos a arco (EAF) na Argentina e no potencial da região para fornecer aço de baixo carbono aos mercados globais.
Em conclusão, embora persistam os desafios de curto prazo relacionados à queda na produção e à fragilidade da demanda interna, o setor siderúrgico da América do Sul está preparado para capitalizar seus recursos naturais e seu compromisso com a sustentabilidade, priorizando a produção de minério de ferro de alta qualidade . Com a diversificação das exportações e a inovação verde , a região pode superar os desafios atuais e emergir como um ator vital no futuro do aço global.